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quarta-feira, 15 de abril de 2015

Morre Lentamente.

  
Olá  amigos.

Li, nesses dias, um poema de Pablo Neruda, do qual  gostei muito e imaginei que quem o lesse, se ainda não o conhece, tiraria alguns ensinamentos. Eis o poema:

Morre Lentamente.

Morre lentamente quem não troca de idéias,
não troca de discurso,
evita as próprias contradições.

Morre lentamente quem vira escravo do hábito,
repetindo todos os dias o mesmo trajeto
e as mesmas compras no supermercado.
Quem não troca de marca,
não arrisca vestir uma cor nova,
não dá papo para quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru
e seu parceiro diário.
Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema,
mas muitos podem, e ainda assim alienam-se
diante de um tubo de imagem que traz informação
e entretenimento,
mas que não deveria,mesmo com apenas 14 polegadas,
ocupar tanto espaço numa vida.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o preto no branco
e os pingos nos "is" a um turbilhão de emoções indomáveis,
justamente as que resgatam brilho nos olhos,
sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.


Morre lentamente quem não vira a mesa
quando está infeliz no trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
quem não se permite, 
uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê, quem não ouve música,
quem não acha graça de si mesmo.

Morre lentamente quem destrói seu amor próprio.
Pode ser depressão,
que é doença séria e requer ajuda profissional.
Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda,
e na maioria das vezes isso não é opção e, sim , destino:
então um governo omisso pode matar
lentamente uma boa parcela da população.

Morre lentamente quem passa os dias
queixando-se de má sorte ou da chuva incessante,
desistindo de um projeto antes de iniciá-lo,
não perguntando sobre um assunto que desconhece
e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.


Morre muita gente lentamente,
e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira,
pois quando ela se aproxima de verdade,
ai já estamos muito destreinados
para percorrer o pouco tempo restante.

Que amanhã, portanto,demore muito para ser o nosso dia.
Já que não podemos evitar um final repentino,
que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, 
lembrando sempre que estar vivo
exige um esforço bem maior do que simplesmente morrer...

Pablo Neruda.



LULÚ, 15 de ABRIL de 2015.

7 comentários:

  1. Eu adoro este poema do Neruda, ele nos dá impulso para enfrentar as dificuldades dos dias e carregado de bons pensamentos, afirmando que é bom viver, estar vivo.
    Lindooo!
    um grande abraço carioca



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  2. Olá, querida Lulu
    Escolheu um texto muito sábio e encantou a minha tarde...
    Espero que esteja bem, amiga...
    Bjm fraterno e carinhoso

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  3. Pois é Lulu morre lentamente quem desiste da vida que tem tanto para se apreciar além de se sofrer pelos infortúnios. bjs

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  4. Boa noite Lulú.
    Cheguei aqui por acaso, amei ler a sua postagem , me fez perceber que no tempo que Deus me permite usufruir da dadiva da vida vivi plenamente e com esperança espero viver muito mais, o seu blog é lindo. Uma abençoada noite. Beijos.

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  5. Viva a vida!
    Nada de morrer lentamente, mas continuo gostando do preto no branco.
    rsrsrs
    Xeros

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  6. Viver cada dia com um sonho no coração e ter sempre a esperança de concretizá-lo nos faz viver.
    Beijos, Élys.

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  7. Bom dia, Lulú.
    Já conhecia, mas nunca é demais lembrar. São verdades que, de vez em quando, temos que dizer a nós mesmos, para que não cometamos erros. Há muita gente que morre lentamente...

    um bjo amigo

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